Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/11/14

Não escrevo.
Não escrevo.
Não quero dizer mais que há mãos elásticas, ressuscitadas,
a consumirem-me: simbioses com os meus tornozelos, arrepios de dor.
Deitada, com o rosto colado ao asfalto áspero,
é assim que a sua ausência de olhos me quer ver.
Não quero mais imprimir esse sabor corrosivo nos meus dedos,
não quero mais que as palavras sucumbam num mar deste travo.