Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/10/27


Mercedes!!! Onde estiveste? Como foi possível? Nem consigo imaginar-te assim, tão só, tão derradeiramente só, depois de tudo o que me deste, depois do quanto preencheste muitos dos meus vazios com a tua voz!
Tão espalhada pelo mundo, e tão cheia de ausências em cima de uns lençóis, tanto tempo. Ainda bem que te aproximaste Dele, só isso me faz despoletar o sorriso esmorecido. Oh Mercedes... ouço as tuas palavras e sei que jamais existirá algo que as consiga arrancar de mim: Es tan grande, la vida... Me he dado cuenta de que la tomamos muy a la ligera.

Ouço repetidamente o teu eco quente: No te entregues corazón libre....

Ainda bem que voltaste.

2005/10/22

A tua pele, tão doce, tão primaveril,
embrulhada no cobertor intenso,
quente de Outono... encostado a mim.
O ardor da chuva ácida, respingando,
tentando pousar nas minhas glândulas,
mas sempre lá fora, lá fora, o lá fora.
E lá fora estava eu e os meus electrões,
a fugirem de mim, do momento,
de tudo que era o ali.
As veias a emergirem da pele transparente, azuis, como o sangue vermelho, verdadeiras. O vazio ansioso a arfar, encostando-se à minha testa, provocante.


Querer tanta coisa, e ser tudo ao mesmo tempo, e tentar sê-lo, e falhar...
Não ser vento, nem chuva, nem mar, nem rio,
Ser só gotas, ou sopros incompletos...
Querer dizer-te adeus e abraçar-te,
E fundir os meus músculos nos teus.
Chorar, não com lágrimas, mas com água,
Aquilo pelo que não se chora: inexistência.