Alguém que me lê e eu não vejo.
2004/06/26
2004/06/15
Já tive mesmo aquela sensação de ter chegado ao fim de mais um caminho. Um fim onde cheguei exausta, num daqueles dias em que o sol dilacerante arde na pele, beija os nossos movimentos e os prende, deixando-os pesados. Então, de imediato, senti um certo alivio: afinal tinha chegado ao fim de um caminho cansado e precisava de devolver o fôlego à minha respiração apressada. Foi a sensação de um fim harmonioso.
Nem sempre é assim.
Certa vez seguia eu, caminhante, ora por mantos de paisagens verdejantes ora por vielas profundas de bruma negra, tentando encontrar o dono de um perfume que me preenchia todos os instantes da minha existência. Continuava, no encalço daquele destino abstracto, dentro das noites em ruas despovoadas e dos dias pelas calçadas que gritavam. Tudo em meu redor se adicionava ao meu ritmo incessante, que me levava sempre na mesma direcção.
Até ao dia em que, sem ter chegado a um beco nem a um desfiladeiro, soube que tinha chegado ao fim. Soube-o porque o sentido se tinha varrido daquele abstracto destino para o qual caminhava. E tudo o que parecia óbvio se desvaneceu e o odor, o rasto intenso daquele perfume que eu procurava, desapareceu. Gelifiquei perante a certeza paralisante de que não existia alguém a quem aquele aroma pertencesse. Mas não sei quem me trouxe esta certeza. Pergunto-me ainda como é possível sentir aquele odor feérico por vezes?... aqui, em mim... se nunca lhe toquei., se não toquei na essência de onde ele chegava. Mas foi essa essência que me guiou e foi ela que me trouxe de volta, intacta, com vontade de perdurar na busca mas com a lágrima de resignação. Deixou-me sem caminho. Cheguei ao fim do caminho, sem terminar a busca, sem me fatigar. Mas tenho passos, tenho muito ainda que alcançar.
Nem sempre é assim.
Certa vez seguia eu, caminhante, ora por mantos de paisagens verdejantes ora por vielas profundas de bruma negra, tentando encontrar o dono de um perfume que me preenchia todos os instantes da minha existência. Continuava, no encalço daquele destino abstracto, dentro das noites em ruas despovoadas e dos dias pelas calçadas que gritavam. Tudo em meu redor se adicionava ao meu ritmo incessante, que me levava sempre na mesma direcção.
Até ao dia em que, sem ter chegado a um beco nem a um desfiladeiro, soube que tinha chegado ao fim. Soube-o porque o sentido se tinha varrido daquele abstracto destino para o qual caminhava. E tudo o que parecia óbvio se desvaneceu e o odor, o rasto intenso daquele perfume que eu procurava, desapareceu. Gelifiquei perante a certeza paralisante de que não existia alguém a quem aquele aroma pertencesse. Mas não sei quem me trouxe esta certeza. Pergunto-me ainda como é possível sentir aquele odor feérico por vezes?... aqui, em mim... se nunca lhe toquei., se não toquei na essência de onde ele chegava. Mas foi essa essência que me guiou e foi ela que me trouxe de volta, intacta, com vontade de perdurar na busca mas com a lágrima de resignação. Deixou-me sem caminho. Cheguei ao fim do caminho, sem terminar a busca, sem me fatigar. Mas tenho passos, tenho muito ainda que alcançar.
2004/06/11
Para uma amiga...
Ontem fizeste-me uma crítica, relativemnte ao que escrevo, e eu fiqueia viajar nela, porque sou assim, porque aquilo que vem do exterior me toca sempre. Embora não sejam todas as paisagens as que me tocam, são todas aquelas que de algum modo já cá estão dentro, como os amigos. E para que conste não fiquei chateada, nem aceitei mal as tuas palavras... mas deixei-me a pensar neles. Deixei-me a pensar nas tuas perguntas. Nos "porquês" de me teres perguntado. Sabes... se há coisa que eu acredito é que não se fazem perguntas por acaso. E há sempre algum propósito nas respostas às nossas perguntas, há sempre algo para que nos faz falta saber. Nem que seja para ajudar as pessoas a perceberem-se, quando ouvirem as suas vozes a dizer aquilo que não escutam da alma. Só me deixei a pensar, e antes de ficar chateada aqui te agradeço que o tenhas feito. Porque não são palavras como "tão bonito" que me vão fazer continuar...
No seio de tudo isto, recordei Fernando Pessoa no que diz respeito à criação. Ele defendia que a criação era um acto onde confluiam duas componentes: a exterior e a interior, relativa ao nosso espírito. Ele defendia que jamais a arte de criar estaria completa se não se referissem estas duas, porque jamais "seria a mesma coisa estar triste num dia de sol do que num dia de chuva". E eu o que tento recriar com as palavras é a paisagem interior, tal e qual como ela me perturba ou empolga. Portanto eu percebo o que disseste, porque as palavras não são muitas nem o sentido é ausente daquilo que escrevo, ele está lá quando eu o leio. A grande questão é que pode não chegar a todos, ou deturpa-se porque as palavras são muitas e o sentido "paira". Mas se eu creio que escrevo bem e se me deixo continuar nessa crença é para que não me detenha, pois por cada palavra que escrevo, há muitas que deixo escapar. Esqueço-me da paisagem exterior, algumas vezes... mas não sei se quero mudar isso. De qualquer da formas,fiquei a pensar nisso. Pelo que escrevi isto e esrevi-o aqui. Para que aqui te possa deixar o meu sorriso sincero.
Termino com Pessoa: Se eu disser "Há sol nos meus pensamentos", ninguém compreenderá que os meus pensamentos são tristes. Termino com ele porque nem sempre quero que compreendam, se é bom ou mau só contigo é que comecei a pensar.
Ontem fizeste-me uma crítica, relativemnte ao que escrevo, e eu fiqueia viajar nela, porque sou assim, porque aquilo que vem do exterior me toca sempre. Embora não sejam todas as paisagens as que me tocam, são todas aquelas que de algum modo já cá estão dentro, como os amigos. E para que conste não fiquei chateada, nem aceitei mal as tuas palavras... mas deixei-me a pensar neles. Deixei-me a pensar nas tuas perguntas. Nos "porquês" de me teres perguntado. Sabes... se há coisa que eu acredito é que não se fazem perguntas por acaso. E há sempre algum propósito nas respostas às nossas perguntas, há sempre algo para que nos faz falta saber. Nem que seja para ajudar as pessoas a perceberem-se, quando ouvirem as suas vozes a dizer aquilo que não escutam da alma. Só me deixei a pensar, e antes de ficar chateada aqui te agradeço que o tenhas feito. Porque não são palavras como "tão bonito" que me vão fazer continuar...
No seio de tudo isto, recordei Fernando Pessoa no que diz respeito à criação. Ele defendia que a criação era um acto onde confluiam duas componentes: a exterior e a interior, relativa ao nosso espírito. Ele defendia que jamais a arte de criar estaria completa se não se referissem estas duas, porque jamais "seria a mesma coisa estar triste num dia de sol do que num dia de chuva". E eu o que tento recriar com as palavras é a paisagem interior, tal e qual como ela me perturba ou empolga. Portanto eu percebo o que disseste, porque as palavras não são muitas nem o sentido é ausente daquilo que escrevo, ele está lá quando eu o leio. A grande questão é que pode não chegar a todos, ou deturpa-se porque as palavras são muitas e o sentido "paira". Mas se eu creio que escrevo bem e se me deixo continuar nessa crença é para que não me detenha, pois por cada palavra que escrevo, há muitas que deixo escapar. Esqueço-me da paisagem exterior, algumas vezes... mas não sei se quero mudar isso. De qualquer da formas,fiquei a pensar nisso. Pelo que escrevi isto e esrevi-o aqui. Para que aqui te possa deixar o meu sorriso sincero.
Termino com Pessoa: Se eu disser "Há sol nos meus pensamentos", ninguém compreenderá que os meus pensamentos são tristes. Termino com ele porque nem sempre quero que compreendam, se é bom ou mau só contigo é que comecei a pensar.
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