Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/07/24

Todo o conjunto de vivências que faz de alguém que escreve alguém que escreve, poderá um dia tornar-se muito insuficiente. Ou poderá sempre ter sido insuficiente, mas até a um determinado ponto permitir a alguém que escreve continuar a fazê-lo. Talvez nem sequer seja humano alguém achar que todas as suas vivências são suficientes, caso contrário acusa-se  morte imediata, do espiríto.
Esta dissertação, nem conclusão tem sequer, apenas culmina numa ideia prévia de que reinventarmo-nos é preciso. Pois então, que assim seja.

 
PS: Vou tirar umas férias pequeninas :)

2004/07/17

0:58
ição... ambição, disposição, destruição, fruição. E são estas as letras que se juntaram aqui, acredito que por acaso.
 
1:05
Encontro-me numa fase um pouco sombria. Se eu fosse uma artista diria que estou sem inspiração. Nestes últimos tempos, direccionei tudo para um só fim e, quando isto acontece, sinto que todo um mundo passou por mim sem que eu me apercebesse. E passou... eu estava encerrada no meu objectivo imóvel. Não o agarrei, não como eu queria. Não tenho nada para partilhar, nem existe ninguém com quem eu pudesse partilhar o que quer que fosse. Partilho o autocarro, a chuva, o mar, o cheiro de terra húmida, mas não partilho a ideia que tenho de tudo isto. Encerrei-me sem que ninguém me obrigasse a fazê-lo e detesto isso. Arrepio-me comigo, velha, cansada, procurando um cantinho de paz no Mundo... Onde fui eu buscar isto? Esta falta de ambição de sonho!?
 
1:17
Intrigada com as últimas palavras, ando à deriva por entre a disposição dos meus dedos pelas frases que traço mentalmente. Afasto-as.
 
1:18
Um dia cheguei a casa e ouvi um grito, eras tu... tu... tu... sempre tu... foi há tanto tempo! (Agora as palavras estão a chegar-me fluidas, mas sem regras nem lugar certo.) Corria, dum lado para outro, agachava-me nos cantos, respirava fundo, escutava o meu coração doente de tanto bater, muito batia muito, às vezes não conseguia respirar. Os gritos somavam-se, multiplicavam-se e o meu coração galgava até à minha garganta. Só ia lá quando achava que alguém ia morrer, morrer mesmo. E não estariamos já todos mortos naquela altura? Depois eram as lágrimas e as conversas, eu não percebia as conversas, mas percebia as lágrimas. Eras sempre tu... Apetecia-me rasgar-me da minha própria vida, arrancar os meus ouvidos, engasgar-me nos gritos que tinha que engolir, sair a correr e nunca mais voltar... mas fiquei lá. Eras tu... sempre tu... nunca sabia quando ias precisar de mim. Afinal na altura das lágrimas e das conversas, depois dos gritos, depois do medo, era eu que te dava as minhas mãos geladas. Porque não havia mais ninguém, nem mais mesa, nem mais louça. Destruição.
Um dia viemos embora e renascemos, o que quer que isso tenha significado.
 
1:27
Mais tarde, chegaram outros dias. Os dias em que o medo e as lágrimas se transformaram em sorrissos. As conversas... nessa altura não me lembrava delas. Éramos apenas nós, e a fruição de todos os cantinhos a que o nosso amor nos levava.
 
1:31
Afinal as letras não se juntaram aqui por acaso.
 
1:34
"E são estas merdas" que num dia como o de hoje me farão apagar este blog. Hoje não escrevo mais. Não vou alongar o post mais ridículo e ao mesmo tempo mais "isto" que alguma vez escrevi.  
 

2004/07/15

Pois é... realmente a minha passagem por aqui foi fugaz, mas em ambiente de exames os únicos poemas que poderiam fluir seriam carregados de palavrões, ou então muito deprimentes... de modo que estou à espera de (no sábado) terminar o último exame e regressar com um pouco mais de sol.

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