Alguém que me lê e eu não vejo.

2007/11/30



Obrigada tóxica sem grande toxicidade! :)
Legenda: indivíduo de tanga verde corresponde a ana, indivíduo de tanga laranja corresponde a menina_tóxica. Local de captação da imagem - Universidade do Minho. Repercursões - um hematoma em cada lobo temporal, um segurança engasgado de riso e a deslocação da terra 0,3º do eixo.

2007/11/26

Ainda bem que estás sempre por perto, quando és preciso! Hoje és preciso!



Agora só me falta o resto...

2007/11/22

Foi disto que me esqueci "*"! Acho que vai ter de ser desta que vou deixar de ficar despistada. F#$"-s#!

2007/11/21

How do you kill a dream?

Hum... aquele "C" espero que ninguém me prenda!


2007/11/19

Vaquices


Acho que o devia ao mundo. Talvez não ao mundo, mas ao mundo de uma menina bonita, cujo nome começa por R.

A história de uma vaquinha. A vaquinha que tinha nome de flor e foi comprada numa loja onde ficava ao lado dos ursinhos e das girafinhas e das ovelhinhas. Ela tinha uma grande família, ali na prateleira das vaquinhas era todos parentes. No entanto, tias, irmãs e primas não gostavam muito umas das outras. Mugiam noites a fio, só por causa de um cm de espaço no expositor.

A vaquinha que tinha nome de flor, ficava sempre atrás delas, era a mais nova de toas as vaquinhas e era arduamente protegida de uma possível compra pelos donos da loja. Por vezes a noite, era um túnel escuro e infernal, submerso em urros que substituiam os mugidos carinhosos que a vaquinha com nome e flor ouvia dantes. Aos poucos tornou-se insuportável, já não havia uma família de vaquinhas, mas grupos de vaquinhas em guerra. E a vaquinha com nome de flor começou a perder o seu sorriso bordado a linha cor-de-rosa.

Um dia uma menina de cabelos aos caracóis entrou a loja e viu a vaquinha que tina nome de flor. Escolheu-a porque tinha nome de flor e levou-a consigo. Todos lhe perguntaram porque tinha escolhido a vaquinha que não estava a sorrir e a menina respondia: porque quero ajudá-la a sorrir para depois sorrimos as duas juntas. Foi aí que a vaquinha percebeu que tina encontrado a família dela: a menina de cabelos aos caracóis e o cãozinho azul - o Patocha. Afinal a família não eram aquelas vaquinhas que discutiam, mas aquelas que precisavam dela e que lhe davam que ela precisava.

2007/11/17

Enregelada a matéria óssea continua a sobressair discretamente ao fundo a rua.
Gosta do Inverno, encoberta sobre o farfalho tiritante e humano, aguarda serenamente que gostem dela. Aguarda serenamente enquanto a metamorfose brota, ramificada como um raio efervescente, aguarda até não aborrecer mais o corpo que suporta, aguarda até não ser reconhecida.





Está farta de montanhas e de vales, de mar. Está aborrecida por, para ela, já serem banais os picos e os sopés. Mas estar no meio não a faz sentir-se bem. Mas não importa, na ausência de alma pode bem aguardar. Pode bem esperar que a chuva caia sem molhar a matéria que nela se transfigura.

2007/11/15

Espanto, do bom... ;)



"All my life I have been watching wildlife, and when I saw the kob in Sudan I said to myself, You can die now, Fay, you finally saw what you could have never imagined you would ever see on this planet." (J. Michael Fay, biólogo e explorador da National Geographic, sobre a migração em massa que se deu no Sudão: os animais retornam a casa depois a guerra civil terminar.)

2007/11/10

Foi assim que despertei, queria ver o sol através da janela e e ouvir aquelas palavras que já não ouvia há muito tempo. A música acompanhou mais ou menos este estado de espírio "vamos lá embora que se faz tarde, não é preciso mais motivo nenhum para ser bom estar vivo."


Hoje acordei profundamente infeliz, ao longo do dia tentei destruir esse estado mas em nenhum dos aspectos da minha vida consegui encontrar algo que me removesse o dito sentir.


Agora, à espera para mais um comprimido, esbocei um sorriso melancólico: reparei que a minha irmã deixou de propósito uma da vaquinhas na minha almofada! Está na hora de "wise up".

E ainda...

Este foi o primeiro post este blog, há cerca de cinco anos atrás. Achei engraçado colocá-lo aqui na sequência do post anterior:


O Fim do Princípio

Hoje começou uma nova sensação, a sensação de mundo... infinita, interminável, olhar de esfinge posto em mim. Em nós.
Hoje inaugurando este blog... derramo alguma tristeza, e encerro alguns sorrisos que aguardavam por ele.
Hoje iniciando algo, não sei como começar, nem como terminar. Mas sinto-me bem, porque isto toda a gente que conheço sabe.



Espero bem que ainda falte muitopara o pricípio do fim :)

Resposta a um belo desafio ;)

Foi por isso, foi por dias em que as lágrimas não secavam de modo nenhum, que o meu blog começou a existir. Sempre havia escrito algumas coisas tipicamente adolescentes: um diário, uns poemas, mas nada de especial. Até que, como resultado de um igualmente típico “broken heart”, me comecei a refugiar nas palavras. Inicialmente, em bloquinhos que me acompanhavam na solidão colectivas dos transportes púbicos e depois num blog.

Já teria ouvido falar em blogs, mas não usei o meu para aquilo a que estava habituada a ver (normalmente textos de opinião sobre temas dos mais variados), ao invés disso criei um espaço meramente narcisista, onde textos e poemas de costrução modesta se empilhavam num tom confessional que eu desesperadamente necessitava. Depositava-os no blog com uma noção muito vã de partilha mas que simultaneamente apagava a cobardia do dia-a-dia, a minha cobardia em assumir que de vez enquando queria deliberadaente estar triste. No sensação de mundo podia sê-lo sem cansar ninguém, nem a mim.
O blog permitiu-me começar uma sensação que tinha do mundo muito particular, com algo abstracto e de um modo que não fazia sentido para ninguém. Aliás algo que se mantém: ainda hoje aqui se encontram textos indecifráveis para muita gente e o mais divertido é que eu posso, porque quem me lê eu não vejo. O mais divertido é que posso não fazer sentido para ninguém, mas que para mim eu faço. O mais divertido é que todos os textos que se encontram no meu blog me libertaram de alguma forma. Mais extraordinário ainda é que conseguiram manter alguns leitores, a maior parte por uma bem-vinda amizade. Acima de tudo, o bom é que posso escrever mal porque não preciso de provar nada a ninguém, não preciso de ser nada diferente, não preciso de ser melhor e indubitavelmente o que escrevo fazer-me-á bem.

E assim nasce uma sensação de mundo, que se propõe exactamente a não fazer nada, excepto transmitir sensações que eu vivo. Egocentricamente elaborada para que ninguém tenha de gostar e sinceramente comovida quando alguém por aqui passa, porque passou pelo meu blog e por uma parte de mim que pouca gente ou ninguém conhece.

A minha navegação pela blogosfera é perfeitamente justificável com o exemplo do meu dia de hoje: um dia em que tudo o que me apetecia era estar num qualquer paraíso para os olhos a ouvir uma boa música, quentinha, aconchegad... mas como não posso começo a clicar desenfreadamente e tudo desaparece. A necessidade de viajar desaparece, porque de certa forma fiz pequenas viagens com paragem em alguns apiadeiros chamados posts.

Bom, tratado de botânica, este texto não cumpriu os tramites que deve seguir um ensaio ou reflexão mas penso que pelo menos consegui responder da melhor forma queconsegui ao teu desafio. Espero que valha o contributo e obrigada pela proposta! Aguardo ansiosamente mais resultados.

2007/11/03

Poema dum Funcionário Cansado


A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só
Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Por que não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Por que me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço
Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo numa só noite comprida
num quarto só.


António Ramos Rosa
Introdução

As almas sentem-se mas são indetectáveis à vista desarmada. Alguns estudos recentes demonstram que a alma se alimenta de uma postura de gratidão para com a vida e uma visão dominada pelo optimismo. Embora de grande abrangências, os referidos trabalhos partilham a ideia de que para se atingir a felicidade é necessário um esforço que a maioria dos seres humanos não está disposta a fazer.
Contudo, a alma não espelha unicamente um estado de espírito binário: estou feliz ou infeliz. Existem diversos estados, estados híbridos e ainda complexas misturas de vários estados híbridos. Sabe-se, ainda, que as almas (ou espíritos) apresentam uma elevada variabilidade na espécie humana e, por enquanto, ainda nao se conseguiu estabelecer a média para o seu tamanho.
Neste trabalho, pretendeu estudar-se a condição de uma alma humana escolhida ao acaso na população portuguesa.


Material e Métodos

O indivíduo seleccionado para o estudo expressou, através texto escrito, o seu estado de alma.

Resultados

Passa a citar-se o texto escrito pelo indivíduo quando lhe solicitado que descrevesse o seu estado de alma:

“Hoje não vejo a minha alma, não ouço a minha alma, não consigo falar sobre a minha e não sinto a minha alma. O meu estado psicológico geral é: assim assim. Sei apenas que queria passear ao Sol mas também queria ficar em casa a olhar para a chuva lá fora. Sei que hoje de manhã me caiu aos pés um fragmento invisível de sentimento que sabia a tristeza, mas não sei se seria angústia. Enquanto me penteava saiu-me um bocado de insegurança pelos ouvidos, e vinda dos olhos escorreu uma solução concentrada de alegria. Por volta da hora de almoço senti fome e notei também que tinha perdido três quartos de medo. Ao lanche já não sabia o que queria dizer a palavra melancolia, que uma senhora que cantava insistia em repetir. Mas a alma, pela noitinha, ainda não sabia ela. Depois fiquei por aqui a escrever sobre ela.”


Discussao dos resultados

Atendendo aos resultados obtidos, constata-se que o indivíduo não tem alma, não se sabendo em que cirscuntâncias a perdeu.
Conclui-se, assim, que a alma se pode perder, logo nem toda a gente tem alma. Estudos posteriores devem procurar evidências da recuperação da alma.

Arquivo do blogue