Alguém que me lê e eu não vejo.

2007/05/20

Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Ridícula. Confiava que, repetida indeterminadamente, acabasse por perder o sentido. Não perdeu.

2007/05/12

VII - Da Minha Aldeia


Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.


Alberto Caeiro


PS: este poema foi-me trazido por uma pessoa que não é especialmente divertida, mas especialmente mal disposta.
Observo a poda daquela árvore no jardim em frente. Desbravada hoje, avultar-se-á, vigorosa, amanhã.
Admiro através da janela o rasto fino do dia, tão acanhado quase como se não tivesse sido um dia, talvez mais um sopro de horas, um adicionar de tempo somente. É belo, sim: a luz mingua paulatinamente, este silêncio pautado pelas aves harpejando melodias compostas, sinonimas de vento ameno e cor-de-rosa no horizonte. Repleta de beleza e tão cheio de nada para acrescentar ao mundo, senão trivialidades.
Assim terminará a minha vida, farta de beleza vaga arredada a um canto, e sem nada acrescentar a nada, um nada profundo. Não era minha intenção despedir-me cheia de lágrimas vazias. Não era. Queria despedir-me com um sorriso, com um lenço na mão, cheio de sal absorvido. Tencionava despedir-me sem vontade de despedidas. Dispensar a palavra adeus sem vontade de a dispensar. Não aconteceu desse modo. Embarco numa auto-distituição. Que afinal talvez seja aquilo que não “sobremereci” neste percurso: o direito assentido de partir.

2007/05/06

Reencontro

Umas depois das outras, as letras, as palavras vão-se compondo. Tento encontrar alguma ordem, o melhor local, mas quando elas saem directamente da corrente sanguínea para as teclas, acaba por desvanecer e criar um algo praticamente aleatório, reduzido em criatividade. Falta-me o tempo que ingeri entre suspiros ou lágrimas vãs, pulso os segundos azulados, ausentes, até aqui chegar descoordenada. Acerco-me deste momento, em que volto timidamente ao compasso, enlaço-o. Entorpecida, reencontro-me com o meu canto.

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