Alguém que me lê e eu não vejo.

2010/09/06

Se esmagada por uma formação granítica,
conseguisse a inconsciência completa,
se a pressão lograsse disfarçar a solidão,
talvez então...

Talvez um abraço,
me pudesse arrancar o sabor amargo.
Quiçá se uma pessoa me pudesse escutar
sem que as minhas palavras a destruíssem um pouco,
talvez nesse lugar...

Se eu procrastinasse este soluço,
se fosse capaz, se um segundo me trouxesse paz,
se me inventasse, se contivesse.
Se rebobinasse,
talvez aí...

Todavia, só, me destruo.
Diariamente finjo que caí, mas estou de pé.
Se ao menos caísse, talvez não sentisse,
talvez se o mundo do avesso
tivesse lava, e níquel a escorrer,
talvez nem deva merecer,
que me continuasses a querer.