Alguém que me lê e eu não vejo.

2010/09/06

Se esmagada por uma formação granítica,
conseguisse a inconsciência completa,
se a pressão lograsse disfarçar a solidão,
talvez então...

Talvez um abraço,
me pudesse arrancar o sabor amargo.
Quiçá se uma pessoa me pudesse escutar
sem que as minhas palavras a destruíssem um pouco,
talvez nesse lugar...

Se eu procrastinasse este soluço,
se fosse capaz, se um segundo me trouxesse paz,
se me inventasse, se contivesse.
Se rebobinasse,
talvez aí...

Todavia, só, me destruo.
Diariamente finjo que caí, mas estou de pé.
Se ao menos caísse, talvez não sentisse,
talvez se o mundo do avesso
tivesse lava, e níquel a escorrer,
talvez nem deva merecer,
que me continuasses a querer.

4 comentários:

Miguel Pires Prôa disse...

Bem haja, Ana! Bem-vinda de regresso à escrita, embora me pareça que não é pelas melhores razões...

Ana disse...

Bem haja. Pois, parece que por vezes são necessários estímulos indesejados para nos recordar que gostávamos de fazer algo, ainda que não seja bem feito. Escrever só porque é bom.

Afonso disse...

:)
Escrever de maneira a exorcizar

Unknown disse...

tão lindo!!!
dorido mas sublime, forte...
e como eu me consigo ler tão profundamente nas tuas palavras
xii <3