Alguém que me lê e eu não vejo.

2013/08/12



Nesse dia em que as pessoas terão olhos cor de lua,
E em que, dada a beleza invulgar da lua,
O planeta irá empalidecer.
Não haverá mais razão para usar o som das palavras,
Para mergulhar na transmissão e racionalidade.
Ficarei apenas junto à espinha da noite,
Encostada ao edifício esmorecido,
Comtemplando a beleza invencível da incerteza,
Sem o impasse do meu corpo entorpecido.

2013/07/17



Não me sais da pele e também és fumo e areia.
Vento, abstraído, sublimas-te arredando-me.  
Vento, soberano na tua invisibilidade,
Jamais poderás compreender,
que por me teres prostrado
renasci, ainda antes de me erguer.

2013/05/26

Reinventemo-nos


As ondas deitar-se-ão com a areia ainda que o meu corpo não funda nos seus interstícios. A ausência de mim, nos ribeiros não irá deter a determinação da sua corrida.
A ausência de ar não me manterá viva.
A ausência de humor não me fará rir.
A ausência de fogo em noite de S. João não me irá aquecer.
Poderá a felicidade na sua ausência reinvertar-se?

2013/03/16




Desmesurável o vermelho ao meu redor, tomara eu reconhecer-lhe flores, mas adivinho-lhes somente o perfume e um momentâneo bem-estar.
Vagueio numa total ausência de comtemplação,
em que o mar não é mar, mas um ruído confortável
em que mar é fúria arrastada para fora de mim.
Deambulante, na ausência de fúria,
Vergo-me para ouvir as ondas a murmurar injustiça.
Com a cara encostada à areia molhada, misturo-me com o silêncio.
Uma lágrima anuncia-se através de manchas que provavelmente são o Mundo a manisfestar-se através do meu alheamento.

2013/01/16



Há um sentimento inquieto que me cai ao chão todos os dias. Um sentimento que tento limpar e aconchegar dentro de mim. Chegou desprovido de palavras e como se o meu corpo já não fosse eu. E como se o meu espírito estivesse irracionalmente longe e impartilhável. Para onde me enviei? Porque não mostro senão a minha invisibilidade mutada? Não penso senão no abandono de mim. Estou sozinha nos olhos cansados.

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