Hoje resolvi ser eu,
resolvi portanto nada ser.
Se nada fui hoje,
nada era ontem
e se o nada é vazio,
é ausência de tudo...
então tudo até agora foi nada.
Todavia se eu não fui possível até hoje,
aqui nesta realidade,
então fui-o em alguma,
caso contrário,
estaria apenas hoje a inventar-me?
Entorpecida... é assim que me invento.
Mergulhada no mar dos adjectivos,
a poder pensar que os posso escolher.
A ter de me ter, para me saber existindo.
E a rir, desmedida de consciência.
Para finalizar, solto a final gargalhada indiferente.
Encosto-me a uma parede.
Não é do mundo que me rio, é de mim.
Fito a rua passante,
e espero que ela venha ter comigo.
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