Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/10/22

O que é ter isto tudo aqui comigo?
Como espinhos de castanheiro e não de rosa,
acumulados nos meus suspiros vespertinos,
emaranhados nas minhas lágrimas pela noite dentro.

Oh! Quem dera arrastar por aí este corpo baço,
para que só os sorrisos o vissem, para que fosse invisível
a esqueletos fugídios, a interesses de feiticeitos, a estrelas invejosas,
a tudo isto que parecem fábulas de olhares tristes,
olhares molhados pela derrota.

Quem dera conseguir soprar ao mundo,
que rastejo quando ando,
que toda a energia se envolve em mim como setim,
que é macia mas escorrega.
Quem dera que o mundo inspirara,
este ar quente que me abafa,
que por um momento aspirasse
as correntes sujas,que por um momento,
mundo, suportasses o seu asco.
Quem me dera olvidar tudo o que fui, para não ser,
para cobardemente não ser, só um bocadinho, só aqui.

Deixem-me não ser: rosa púpura, estrela invejosa, feiticeiro dúbio, todos!!!

Deixem-me ser invísivel, deixem-me não ser... é só o que eu quero, só um bocadinho,
só aqui.

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