Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/03/12

Sinto.
Mel a escorrer por entre granitos ácidos, íngremes, devagar... gelatinoso. Mel que se avista ao longe, de planícies distantes, abrigadas do sabor doce enjoativo e que só se adivinha desejável quando provado gota a gota, de quando a quando.
Tempo do tempo, em que a brisa olha para trás de dois em dois ou de três em três minutos. Que olha para trás e ainda assim continua a soprar, embora na soma de todos os seus conjuntos de dois ou três minutos e os seus intervalos, prossiga errada.
O gelo e o frio a rasgar estilhaços de terra, de rua e de rocha, a paralisar a seiva e o sangue. O frio e o gelo: nem o seu silêncio os salva. O frio e o gelo que continuam, como o mel e a brisa, porque o mundo parece ter-se habituado.
E se um dia tudo isto gritasse em uníssono, apertando as mãos ásperas e enrugadas do abismo?

1 comentário:

Anónimo disse...

Epá, larga a droga... Só mesmo naquela...