Alguém que me lê e eu não vejo.

2006/08/22

Queria sentir a dor dessas feridas,
que me arrastaram colina abaixo.

Queria sentir o espasmo do sol nos meus olhos,
as pálpebras semi-cerradas, aguardando-te.

Queria usar a palavra amor e o seu aconchego.

Queria gritar, este grito que não cabe nas vibrações atmosféricas, que não cabe em canais e fluidos nem membranas, queria dar um grito que me calasse. Queria que as feridas doessem e vertessem todo o sangue. Queria sentir as agressões das paredes, nódoas negras do despertar. Queria esse cavaleiro andante que não existe, queria-o comigo, para me levar de negro na noite, para onde não conheço.

Encerrando-te te consumo: vida.
Nada mais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Breve Desilusão

Esta pequena hora
Sem o teu vulto, sem a tua espera
Foi uma hora triste;
Foi como quando se acorda em primavera
Já quando a primavera não existe

Miguel Torga

Ana disse...

Obrigada pelas belas palavras de Torga :)