O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem,
estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco
nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor,
uma liberdade
no peito.
Alberto Caeiro (Porque a semana começou com ele, entre outros, e porque vou mudar para a sua profissão)
Alguém que me lê e eu não vejo.
2008/04/02
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2 comentários:
mé mé :p
E tu Cláudia que fazes... neste mundo regido pela teoria dos pequenos mundos...
Alberto Caeiro é sempre uma boa maneira de começar a semana!
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