Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/03/15

Será suficiente? Não. Não quero que me chames "amor". Faz-me sentir demasiadamente bem. Prefiro que não mo digas. Beija-me, só. Mas não me chames... não o faças!

Quando o fizeste, subiu de mansinho em mim a vozinha tendencialmente nascida para te retribuir a designação. Não te pude chamar "amor", não pude... porque quando tu o fizeste foi como atirar uma palavra para a rua, quando lhe chovesse em cima deixavas de a ver. Mas se eu o dissesse escorreria do meu para o teu olhar e provalmente não ias perceber que nem as minhas lágrimas iriam lavar o significado dessa palavra. Prefiro levar apenas o teu beijo, mas a palavra amor não a quero levar comigo, não outra vez. Prefiro repousar no eco que ela ainda faz dentro de mim e que de dia para dia é cada vez mais baixo... que cada dia ouço com mais dificuldade. Que um dia esquecerei como disseste, desprovido de sentido, insípido.

Amigo, ao entardecer nos jardins, ao lado do lago e falar de fotografia. É assim que tenho de te guardar.

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