Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/05/24

Frio, gelo velho,
Na bruma silenciosa de uma caverna.

Calor, um fogo imenso,
Incomensuravelmente quente,
Desejo de ter e não ter.
Fugir a um tempo e voltar a dois...
Derreter beijos, fundir corpos,
Entregar e deixar queimar...
Quente como a cor do inesperado,
Um prazer que não é verosímil.
Não tem tamanho. Arde com o vento,
Pula com os rios e... grita!
Arde, queima, escalda,
Ferve areia sob sol incessante.
Pátio de aldeia soalheira.
Casa térrea, encostada a homens suados.
É paixão!
É desejo que não cessa.
Imparável volúpia que anseio
Como o peito, com o corpo, com o cabelo.
E que abraço com as pernas.
Vermelho macio,
Suave toque de sentimento.
E corro, e queimo, ardo em mim...
Combustão que nada perde, nem calor
Busco e não me detenho...
Continuo com o alento das chamas
Que, no meu interior,
Dão voz ao que incendeia.
E corro.
E fujo...
...sempre de encontro a ti.
Ando, fogo que me percorre e já não dói.
Não arrefeço. Energia.
Sou tudo, tudo, TUDO!
E tudo em mim quer,
Ao mesmo tempo,
Ser alguma coisa.
E é nada.
É desejo.
É querer e não querer.
Desejo de quem teme.
Lobos da noite que por mim procuram.


Olhos fechados, braços cruzados.
Olhar negro, poço sem fundo.
Frio. Sombra eterna.
Agror que não tem fim.

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