Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/02/18

Foi ontem.

Como não escrever agora? Se estamos em silêncio mas não é no silêncio que eu penso? Se penso em ti e nas tuas palavras?
Tenho que escrever: o único gume que a espada do teu ser tem é o facto de a tua presença ser imprescindível para aqueles que te rodeiam. Não quero que te sintas melhor, quero simplesmente que continues a sentir-te como és.

2005/02/13

Tempo.

Tenho-me perdido um pouco na dimensão dilacerante do tempo. Hoje essa dimensão perturbou o meu estar desprevenido, chegou de manhã e perdurou pelas horas até agora, intermitente com ida e vinda das pessoas pela casa.
É tão raro dar-me conta dele, que quando somo as suas alterações irremediáveis sou arrastada, é possível apenas que me esconda e que me abrigue em cortinas de água sal... invisíveis. Mas tento contorná-lo, passar despercebida. Visto uma gabardina escura e apago o meu reflexo das vitrinas escuras do tempo. Irremediávelmente, ele encontrar-me-á.

2005/02/06

Para um outro ti, ainda

É ténue a superfície
que manchas de lágrima e sede,
que separa o que és do que mostras ser.
Despe-te desse mundo e mergulha:
envolve-te nas ondas do mar, envolve-te na praia
e na água que chove com o vento.
Que se não te canse esse coração,
que é novo e não velho de tormentas
como pensas acreditar.
E para ti também escrevi

Assemelho-te a um lume brando,
uma chama que esteve patente
na brasa dum carvão incandescente.
Pareces ficar-te pelo galanteio de alguns sorrisos
em noites frias de Verão.
Pareces ficar-te por dramas representados,
com um só actor, num monólogo de suspiros.
Guardas as rosas, os perfumes e os sabores aconchegantes da vida
para aquecer o dia-a-dia, aos que te rodeiam.
Tens medo. Mas lutas.
Mais que muito.
Escrevi para ti

Balança-te: pés na terra, mãos de água,
pensamentos de estrelas.
Acreditas-te para que te acreditem.
Poderia ser doutro modo?
No fundo, duvidas do que és.
Queres muito ser, demasiado,
com esses teus olhos de ver
fincados nos gestos,
como unhas cravadas na carne.
Mas os gestos balançam,
Como o mundo translada.
Com uma mão tocas nos corações
E com a outra empurra-los para o abismo.
(O abismo onde hoje caiu uma lágrima minha.)

2005/02/02

Prova.

Será que é assim tão simples medirem o nosso valor? Uma equação simples, sempre a somar ou a subtrair. Um "mais" diz que somos melhores um "menos" diz que somos piores. Não há grandes variáveis... às vezes até quero esquecer que sou humana, e que vilmente também me arrasto pelos passeios das características menos virtuosas. Menos. Levo um menos.

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