Alguém que me lê e eu não vejo.

2006/09/07


- Ouvi a música que me faz lembrar de ti...
- E depois?
- Depois verti uma lágrima de saudade.
- Gostas demasiado de mim.
- A palavra demasiado não existe associada ao verbo gostar.
- Já pensaste que nunca vou gostar de ti assim.
- E na minha mão, consegues segurar?
- Às vezes com força.
- E esse às vezes pode acontecer sempre?
- Sempre.
Olho em volta branco e castanho, lisa e rugosa, a parede. Encostada a ela a cabeça fica mais leve. Choro.
- Porque choras? Era lá preciso!
- Sim era. Porque me trouxeste da lua.
- Estou cansado, já devias ter ido.
- Vou já. E não volto.
Os risos entoam. E lá fora um monstro de lágrimas, tenta esconder-se em frinchas infantis da rua. Sim também pode ser preciso chorar. As gotas da chuva continuam a rir-se, brincam em grupo, escorrem calçada abaixo.

1 comentário:

Noggy disse...

É raro duas pessoas gostarem uma da outra com igual intensidade.
Mas se ele gosta mesmo de ti, se aquilo que diz que é,é também aquilo que faz experimenta deixar-te levar, pode ser que gostes.

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