Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/07/17

Mutação


Expirou.
Edificado com pedaços fictícios:
a sensualidade, a confiança, o arrojo,
o balanço perfeito entre a determinação e a indecisão atraente,
uma leve dose de mistério, de inocência
e a uma inteligência exacerbada, mencionada, registada.

Pousou noutro cantinho.
Aninhou-se, borrifou umas gotas de perfume fádico
sobre os ombros nus e lisos.
Libertou o olhar hipnótico
enfeixado com estilhaços da sua existência.
Renasceu com a beleza maior e mais falsa.
Emana diariamente o seu sorriso,
onde esconde, atrás de uma cortina áspera, agulhas afiadas
para afastar todos os mundos do seu canto.

Só sei de Dezembro.
Sei das unhas de metal a rasgarem a carne das minhas costas,
do sangue a chegar a um lençol preto.
Foi o que precisei, de algo que
me fizesse sangrar como uma doença real,
para saber que tinha sido o seu fim ali.

1 comentário:

Afonso disse...

de tudo o possuímos, aprendemos que nada é imútavel.. tudo muda ou se perde para sempre...ou então esconde-se, e só tu "o" poderás encorajar e acarinhar. Gostei Muito :) keep going

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