Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/02/19

Pensei em ti


Não chega. Pois não.
Eu sei.
Já estive aí.
As minhas lágrimas
escorreram no segundo em que me vim embora.
Agora, aqui sentada
junto ao correr do rio,
rodeada pelo ar gelado do Inverno,
cerco-me com o meu jeito triste,
a angústia que me faz suspirar,
que me faz temer cada um dos teus gestos.
Porque tu não sabes.
E eu não sei.
Choramos, cada um afinado
em prantos diferentes,
que se completam.
Se quisesses eu podia sorrir-te.
Sorriamos os dois.
Os dois. Nós.
Mas nós já não existimos.
Existe uma sombra, uma sombra vaga,
que chega voraz e foge.
Sem destino.
Foge e não volta... para sempre.

O vento ingénuo persiste e eu com ele.
E tu?
Tu estás aí, imparável
por detrás de uma cortina
Transparente.
Quando te toquei pensei sentir-te,
mas senti-te pensando.
Acordei. Já tinhas partido.
Como te vou dizer que persisto?
Que estou aqui...
...se o frio, o Inverno,
as horas geladas,
nos ensurdeceram?

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