Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/05/30

Ontem li num blog, muito bom, perdido de propósito algures pela web, algo muito interessante. Respondendo a um desafio dum amigo, o autor pegou em palavras ditas horríveis e juntou-as num poema.
De facto juntar palavras para dizer algo bonito, algo que te faça sorrir nunca foi muito complicado. Havia tanto para te dizer. Tantas palavras bonitas que eu podia deixar perdidas nos livros que me emprestaste. Tantas mensagens que podia ter-te enviado. E, no entanto, deixo em branco todos os caminhos que me poderiam levar até ti. Porque sei que já recebeste todas essas palavras, porque já houve quem percorresse esse caminho e já houve quem o estilhaçasse.
Já viste essas palavras tantas vezes que elas perderam a cor. Nada de novo, não sei acrescentar nada de novo ao teu mundo, o caminho que não percorri já está gasto.

Já pensaste nisso?

As palavras belas já estão gastas de serem tão fáceis, tão verosímeis. E aquilo a que chamamos palavrões, por serem feios, alguns asquerosos, fazem-nos sempre questionar... "será mesmo para mim?" "MEU DEUS eu não mereço isto" "Dizes isso porque não és suficientemente boa para estares aqui comigo!"

É neste ambiente inóspito, de linhas vazias, que resolvo finalmente falar-te:

És um imbecil, um insignificante! Escondes-te num ninho de ratazanas imundas e permaneces, no odor fétido dos seus bafos, tu e a tua alma moribunda, infestada! E o que vês? O paraíso. Que mesquinhez!

Eu navego no esgoto, sim. Mas levo comigo a esperança de um dia desaguar no mar. Contigo ou sem ti.

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