Alguém que me lê e eu não vejo.

2005/12/22

Despedida

Até que enfim... Os Irras e os Ufas caminham de mãos dadas para bem longe, por detrás daquela colina já não vejo essas interjeições ansiosas de outros tempos, só o suspiro: o compor do oxigénio no meu sangue. A respiração serena restabelece-se em comunhão com o travo amargo da noite, o aroma gélido da solidão, o saber que nunca mais naquele cume surgirá de novo aquele sol.
Percepção demorada, em lenta câmara, nunca lá esteve, afinal eras tu que mo mostravas, ainda eu pequena, ainda eu absorvida naqueles sonhos idílicos, naqueles prados de ironia cintilante, eras tu naquele pedaço de papel dourado recortado, que me mostravas o sol, e era o sol que eu via. Agora sei que ele nasce do lado oposto, não naquele cume, nem no mar, nem na brisa.

Ainda é na sua existência, que sinto que me sinto por entre os insterstícios do tempo. O que fez ele com o sol e comigo e com o mundo?

O sol nasce sempre. Do lado oposto, irradiando sorrisos inesperados a cada segundo que eu não vejo.

O mim e o tempo, sou menos pequena, menos dourada, menos caminhante mas mais arrepiada.

O mundo é quem me arrepia, com o seu sopro e com os seus gritos.

Gritos que perduram, sopro que vagueia.

2 comentários:

Afonso disse...

LINDO!!

Anónimo disse...

.............................................................

Arquivo do blogue