Alguém que me lê e eu não vejo.

2004/12/29

Palavras à chuva numa tarde...
Apetece-me beber sofregamente o fio líquido que se esvai desta quadra da família e dos afectos. Abandono o resto, tudo além daquilo que era puro, simples e me faz falta. Tudo aquilo além do quanto eu queros estes meus mundos sempre por perto. Repudio os sapatinhso de cristal e as barbas brancas do idosos de faces encarnadas.... Repudio o tempo que tudo muda, resoluto, imparável.
Em mim aprisiono as palavras à chuva de uma tarde, que dispararam sobre mim todos os sonhos que contenho... o rio corre, sim, irredutível, em frente... mas tu não. Não o teu olhar de sereia perdida, encantada, no oceano de lágrimas azuis, felizes. Tu disseste que valho não como ouro, nem diamante, mas sim o sal que se dissolve nos paladares e no sangue, nas secreções, nas vísceras. Diz-me! É por isso que continua a saber bem correr na relva, por isso que mergulho, por isso que digo que aprendo a viver. Para que te orgulhes de mim de uma forma inabalável, dura. És deslumbrante,ainda que nesse teu jeito de lutadora camuflada, esse jeito que surpreende, que viola, que despedaça os nós de mármore que enfrentas. Esse teu jeito que vence impreterivelmente. Não, só isso não te deixo dizer, isso não mudará, não, querida.

Sem comentários:

Arquivo do blogue