Alguém que me lê e eu não vejo.

2007/10/06

Era uma rapariga que gostava muito de escrever, mas raramente se satisfazia com o que escrevia.
Certa vez, em vez de escrever mais um dos seus poemas, em vez de acrescentar linhas ao eterno romance, em vez de mais uma história, escreveu o que mais gostara de aprender durante o seu tempo de vida. Tinha consciência de que não escrevera nada de especial e muito menos de original, mas que a fez sentir particularmente bem e viva. Passo a transcrever:

"Estas são as lições que mais gostei de aprender, sem qualquer ordem, senão a ordem através da qual elas fluíram através do pensamento:

Primeiro aprendi que gostar de alguém, é gostar de uma pessoa tal como ela é e não apesar do que ela possa ser.

A segunda grande lição é que as pessoas não mudam senão quando realmente assim o entendem.

A terceira lição é que sempre que esperei muito tive pouco, e sempre que esperei pouco tive muito. (sim, sim, eu sei que Pessoa já o tinha escrito. Este é, portanto, plágio é da pior espécie mesmo, duplo plágio: de escrita e de vivência)

A quarta é que sou muito melhor a ser o que sou do que a ser o que pareço ou quero parecer.

A quinta é que a solidão não é assim tão reconfortante como julgava e que um abraço vale uma infinidade de linhas escritas, um céu cheio de estrelas, música toda a noite e a poeira a assentar com a chuva de Verão.

Ainda aprendi que sempre que me enganei a mim mesma custou muito mais saber a verdade.

Aprendi que a modéstia é uma das características que mais aprecio nos outros e uma das que mais detesto em mim, simultaneamente.

Aprendi que nem toda a gente vai gostar de mim, mas que alguém há-de sobrar.~

Aprendi que as pessoas do autocarro ouvem o que falo com a pessoa ao lado, tal como eu as ouço, por vezes.

Aprendi que há mesmo pessoas extraordinárias, uma delas foi a que me deu à luz.

Aprendi a gostar de mim só para que tu, também gostasses e eventualmente hei-de apanhar-lhe o jeito.

Também aprendi que às vezes basta um sorriso alheio para me sentir viva.

Aprendi que ainda não aprendi a deixar as pessoas acabar todas as suas frases.

Aprendi que tudo que aprendi pode estar errado, mas o que sinto não.

Aprendi, por fim, que ainda falta muito para aprender."

2 comentários:

Happy and Bleeding disse...

bom exercicio :)

menina tóxica disse...

cucu.

bjinho tóxico que mata todas as bactérias atacadoras de amigdalas.

(já agora, tira-me essas coisas - as amigdalas - são umas nojas)

:D

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