Era uma rapariga que um dia, alguém, considerou eloquente. Todos os seus passos eram distintos, alinhados com uma ordem quase terna. Um dia, enquanto deslizava pela calçada de mármore, um os seus pés esguios por breves instantes enclausurado no interstício o pavimento alinhou-a de forma violenta com os carris do eléctrico. Foi uma diferença e segundos que lhe salvou as pernas da dilaceração.
Recuperou o pé do hiato imprevisto. Esgueirou-se por entre a multidão e nunca mais foi vista. Ninguém mais a viu, nem foi considerada novamente eloquente. Contudo, todos os dias passava na mesma calçada, prevenia-se das fendas com sapatos de homem e da erosão da elegância com um fato largo. Ocultou a beleza dos seus movimentos com a velocidade dos passos largos.
Assim continuou a chegar todos os dias à maresia rochosa do estuário: sem que ninguém a visse. Percebera no dia da queda que a invisibilidade lhe daria asas.e as suas asas levavam-na em direcção a tudo que sonhava, sem que nenhuma palavra precisasse ser dita.
Alguém que me lê e eu não vejo.
2007/09/25
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3 comentários:
Linda do meu coração gostei muito... as pessoas especiais nunca são esquecidas por aqueles que as amam!
olha... :)
eu volto a dizer:
cachopa! gaja! este texto, ora bolas (tu compreendes-me eheh)
e a música viciou :))
também quero desaparecer assim*
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