Alguém que me lê e eu não vejo.

2007/09/26

Hoje sinto-me fraca por não saber como se escreve este sentimento de fraqueza. É quase macabra a quantidade de palavras bonitas que se podem usar para descrever algo tão vil.
Resta-me, portanto, a simplicidade das tábuas que suportam o meu colchão, que no Ikea se vendem separadas do resto da cama. Eu nasci separada das protecções laterais, de mim tudo jorra: bom e mau e o que está no meio e para lá disso. Nasci para suportar uma loucura que por aí anda espalhada e que é minha.
Mas amanhã creio que vou comprar um colchão feito de lata e aninhar-me no seu aconchego, dando-lhe a trivialidade do meu sustento. Espero que seja suficiente para arrancar um sorriso às suas molas, que a rectidão e que à simplicidade deste conjunto das minhas tábuas se lhe subtraia a fraqueza.

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